Sunday, May 27, 2012

Roteiro em Celtx

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Durante muito tempo escutei que um mágico profissional deve escrever sua apresentação em forma de roteiro, que tem que contar histórias quando faz a sua mágica e, sempre que possível, deve contar algo pessoal durante uma apresentação.

São 3 pensamentos interessantes que estão intimamente conectados.

Vou começar soltando uma bomba: As pessoas não vão ao seu show para ver as suas habilidades, elas vão para ter uma experiência. Sim, foi isso mesmo que você leu. O seu trabalho é fornecer essa experiência para a platéia.

Richard Ostelind escreveu: “Mágica é a arte do impossível, endereçado ao contínuo dilema humano de maneira artística. (...) Porque o mágico opera nas mesmas restrições e fronteira da humanidade, seu efeito representa uma esperança para todos nós.”

Quando estamos apresentando nossa mágica, transportamos nosso público para longe de suas vidas. Naquele momento, eles esquecem das contas que tem que pagar, da reunião que terão com o chefe no dia seguinte, ou na viagem que não gostariam de fazer no final de semana. Eles estão lá para se divertir (achou que era coincidência a palavra diversão ter o mesmo radical que divergir ?).

O público quer ver algo especial, um personagem que saiba o que está fazendo, que transmita confiança. Mas como passar uma confiança procurando um gimmick no palco? Toda vez que você fala hãaaas, hummms tentando lembrar o que deve falar ou fazer, você os trás de volta para o mundo em que eles vivem.

Todos conhecem a frase “O mágico é um ator que representa um mágico” (Robert Houdin). E você acha que um ator vive num palco sem roteiro? Sem um ensaio? Todos os grandes comediantes (que parecem estar improvisando no palco) têm seu script na ponta da língua. Porque a improvisação deve vir dentro de uma estrutura segura. Hoje considero fundamental a escrita do roteiro das minhas apresentações. O estudo minucioso da movimentação em palco durante a produção do roteiro, e seu respectivo ensaio.

Agora vem uma parte importante. Para isso, vou citar Eugene Burger: “A experiência da mágica envolve uma conexão mental entre o truque mágico e outras concepções emocionais, experiências, sonhos, esperanças, ambições, medos, pesadelos...”

Quando escrever uma rotina, pergunte-se: O que o público irá ver de especial no início dela que o instigará? No início de cada ato, é importante chamar a atenção da platéia para o efeito, com o risco de que, do contrário, estaremos apresentando apenas um truque. Por isso é tão importante a fala introdutória em cada mágica, para criarmos a conexão efeito-emoção e fugir da apresentação quebra-cabeça. O público deve se conectar emocionalmente com o que está sendo apresentado.

Para escrever o roteiro em formato padrão de teatro, eu uso um software gratuito, que é fácil, e intercambiável com o Word e PDF: o Celtx.
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