Região frontal do cérebro atua no preconceito contra eventos adversos
Ao formar crenças e valores, a maioria das pessoas tende a incorporar notícias boas e a ignorar as ruins. Agora, um novo estudo internacional descobriu que uma região específica do cérebro é responsável pelo preconceito contra tudo o que é negativo.
Os resultados estão descritos na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS), da Academia Americana de Ciências.
Esse comportamento inerente ao ser humano é capaz de reduzir o impacto social de informações desfavoráveis, mas, por outro lado, acaba gerando "bolhas de otimismo", como a que estourou no sistema financeiro mundial em setembro de 2008. Antes de a crise vir à tona, economistas e analistas de vários países haviam ignorado diversos sinais de que o mercado imobiliário dos EUA entraria em colapso, levando a um efeito dominó no restante do globo.
A pesquisadora Tali Sharot e colegas – da University College de Londres, da Universidade da Pensilânia, nos EUA, da Universidade Livre de Berlim e da Universidade Humboldt de Berlim, na Alemanha – avaliaram 30 voluntários saudáveis, divididos em três grupos. Eles foram submetidos a uma estimulação magnética transcraniana, método não invasivo e indolor que aplica ondas eletromagnéticas no cérebro.
Os cientistas descobriram que uma área chamada "giro frontal inferior" (IFG, na sigla em inglês), localizado na parte da frontal da cabeça, pode estar envolvida na assimilação de coisas boas e na rejeição das ruins.
A região foi estimulada e, depois, os autores pediram aos participantes para estimarem a probabilidade de experimentar 40 eventos adversos na vida – desde um roubo de carro até uma doença de Alzheimer. Após as respostas, os indivíduos ficaram sabendo da probabilidade média de aquelas situações acontecerem a uma pessoa com perfil socioeconômico parecido ao deles.
Em seguida, os voluntários foram solicitados a recalcular a estimativa, e os pesquisadores observaram que aqueles que receberam estímulos no lado esquerdo do IFG apresentaram uma tendência maior a incorporar notícias ruins em suas crenças, enquanto os que receberam estimulação na parte direita ou fizeram parte do grupo de controle mostraram o comportamento típico.
Apesar disso, interromper a parte esquerda do IFG não alterou processos como o aprendizado e a tomada de decisões, segundo os autores.
Artigo original: G1
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